324 visualizações
Reiner Tenente, protagonista da produção, fala sobre o processo criativo, a pré-produção e a expectativa para o musical.
O ator ator Reiner Tenente, que acabou de sair de cartaz com “Cantando na Chuva” e se prepara para “Musical Popular Brasileiro”, tem outro espetáculo em mente para este ano. Outro assunto que está sempre em pauta e aguça a curiosidade dos amantes do teatro musical e da cultura, inclusive de Reiner que adquiriu os direitos para produzir o espetáculo, é a montagem do clássico Company, musical de 1970 de George Furth e Stephen Sondheim, que recebeu 14 indicações ao Tony Award e venceu seis, incluindo melhor musical, libreto e música.
No Brasil, a peça já teve uma versão nos anos 2000 feita pela dupla Charles Möeller e Claudio Botelho, que na ocasião interpretava o personagem principal, Bobby. Reiner, então com 20 anos, foi assistir à versão e, de lá para cá, são 17 anos de história.
– Fui assistir à montagem feita por Charles Möeller e Claudio Botelho no extinto teatro Villa-Lobos. Assisti ao espetáculo duas vezes, comprei programa, CD, e, de tanto ouvir, decorei todas as músicas. Desde então, tenho o desejo de fazer Company. Naquela época, eu tinha 20 anos e era algo muito distante. Com o passar do tempo, fui começando a produzir, além de ser ator, criei o CEFTEM (Centro de Estudos e Formação em Teatro Musical) e comecei a perceber que esse sonho, que vinha acalentando há tanto tempo, podia se tornar real. Eu entrei em contato com a MTI (Music Theatre International), empresa que cuida dos direitos dos espetáculos de Sondheim, comecei a negociação em meados de 2016 e, no início desse ano, comprei os direitos para produzir o Company, algo tão sonhado por mim – diz Tenente.
Reiner dará vida ao protagonista Bobby, um rapaz solteiro incapaz de manter um relacionamento estável, quanto mais um casamento. A história de Company, como o título já mostra, tem como base os relacionamentos.
Além do personagem de Tenente, a peça conta com cinco casais casados, que são seus melhores amigos, e as três namoradas dele. Temas como o casamento e a solidão são abordados durante a festa de aniversário de 35 anos de Bobby.
– Esses temas precisam ser constantemente discutidos para que determinadas situações evoluam. Existem muitas questões a favor e contra os relacionamentos afetivos atualmente e Company fala muito sobre essas questões de se ter, ou não, uma companhia. A tecnologia de hoje, tão imediatista, por meio da qual as pessoas se conhecem e se distanciam em uma velocidade tão grande, é quase cruel. Exemplos disso são os encontros por meio de aplicativos em que no dia seguinte, muitas vezes, você nem lembra o nome da pessoa. Ao mesmo tempo as relações que existem tendem a ser muito verdadeiras, pois não estamos mais em uma época em que precisamos casar com alguém para mostrar algo para a sociedade e podemos descasar sem medo de sermos rechaçados ou sofrermos algum preconceito como acontecia antigamente. Os relacionamentos são mantidos porque as pessoas têm o real desejo de ficarem juntas. Por causa de todas estas questões em torno das dores e delicias de se encontrar de alguma forma com o outro e no outro, eu acho muito importante discutir sobre esse assunto – ressalta Reiner.
A nova adaptação de Company encontra-se em fase de pré-produção, mas um time de peso já está trabalhando. A peça será dirigida por João Fonseca que é socio de Reiner no projeto e que produz ao lado de Joana Mendes, sócia de Tenente no CEFTEM, do cenógrafo Nello Marrezi, do diretor musical Tony Lucchesi e de Claudio Botelho.
– Reiner já é um dos parceiros da minha carreira, da minha vida profissional, já perdi a conta de quantos trabalhos temos juntos. Já dirigimos juntos, já o dirigi, já idealizamos projetos juntos e estou sempre aprendendo com o seu talento e com a sua obstinação, ele é uma pessoa que não mede esforços para melhorar e atingir os seus objetivos. É um profissional único, um exemplo que eu fico muito feliz de estar perto e estar “bebendo” desse talento e dessa força. É um projeto muito pessoal e isso é sempre muito gostoso de fazer, eu ganhei esse presente dele, pois é algo do coração dele e que ele está depositando nas minhas mãos – diz o diretor João Fonseca.
– Tenho uma grande expectativa, já que este é um sonho de 17 anos, porém, independentemente do tamanho da produção e do teatro onde vai ser, eu quero que seja uma obra artística potente, feita por atores de excelência, que tenham uma alma de ator, uma alma de artista, uma consciência plena da função da arte. Todos os artistas envolvidos nesse projeto terão de ter isso, o pré-requisito é ter essa alma de artista, que é humanista, que faz a arte para o outro, para transformar o outro, para mudar o olhar dele, para fazer com que o outro possa pensar novas possibilidades e sair do teatro de forma diferente. A minha expectativa é muito mais em relação ao conteúdo artístico, do que se vai ser uma grande produção, com muito dinheiro ou com muita mídia, mas que seja uma obra extremamente potente – finaliza o protagonista da nova adaptação de Company.
Company tem previsão de estreia em 2018, ainda sem data definida.