Entrevista – “A Bicicleta de Papel”

Entrevista – “A Bicicleta de Papel”

 880 visualizações

Foto: João Sampaio e Davi Gomes

Com direção de Ricardo Grasson, a peça mostra a busca por alguma esperança após o trauma da perda e a importância da superação por meio da amizade. O texto de Luccas Papp se passa na virada do milênio, durante a noite do dia 31 de dezembro de 2000, onde se encontra Ian (Luccas Papp), um rapaz que poucos meses antes ultrapassou o farol vermelho e sofreu um acidente que matou toda sua família transformando-o em uma figura solitária e repleta de culpa. É nesse momento que Noah (Leonardo Miggiorin), seu melhor amigo, entra em sua casa com uma missão: passar o ano novo com Ian e provar-lhe que ainda há tempo para viver e ter esperança em dias melhores. Uma historia sobre amizade, superação e o poder de perdoar.

Tive o prazer de entrevistar os atores, Luccas Papp e Leonardo Miggiorin, que nos contam um pouco sobre suas impressões e alguns detalhes sobre o espetáculo e como está sendo este retorno aos palcos com plateia presente.

Aprecie sem moderação!

Foto: João Sampaio e Davi Gomes

Eunoteatro – Luccas, o texto é inspirado em alguma situação real que tenha presenciado?

Luccas Papp – Não. O texto é uma criação 100% inédita e criada da minha cabeça rs, mas é claro que ela foi baseada especialmente em situações que precisei lidar com perdas, e principalmente com a minha relação com a culpa e a dificuldade em se perdoar após cometer um erro. Acho que essa é uma das grandes dificuldades do ser humano. E localizar o espetáculo na virada do milênio é uma forma proposital de criar no espectador o desejo e a sensação de virada, de mudança. Muitas vezes nos vemos estagnados em uma situação da qual não podemos escapar, mas por um novo ponto de vista tudo pode ser diferente.

Eunoteatro – Vocês tiveram uma bela parceria em “O Ovo de Ouro”, que foi um sucesso! O texto de “A Bicicleta de Papel” foi criado especificamente para o Leonardo, para reviverem essa parceria em cena novamente?

Luccas Papp – Não. A peça foi escrita sem nenhum ator em mente, talvez eu mesmo não estivesse no elenco. Quando conversei com o Ricardo (nosso diretor) sobre um parceiro para o espetáculo, o nome do Leonardo surgiu logo de cara. Além de ser um grande profissional, é uma pessoa iluminada um amigo muito querido, o que se provou ainda mais verdade durante o processo de “a bicicleta”. Não acredito que existiria alguém melhor para o personagem do Noah do que ele. Nossa química em cena é real e deliciosa.

Eunoteatro – O espetáculo conta com atores extraordinários fazendo off: Elias Andreato, Ando Camargo, Rita Batata, Livia Marques e, além disso, conta ainda com figurinos de Cássio Scapin e luz de Gabriela Souza. Temos certeza de que isso deve ser motivo de muita felicidade e orgulho para vocês. Como foi o processo para que esses nomes participassem do espetáculo?

Luccas Papp – A peça conta com essas participações em áudio desde o texto. Quando pensamos nos nomes dessas inserções, gostaríamos de contar com parceiros antigos de trabalho, que além de fortalecerem nossa ficha técnica, nos dariam a honra de compartilharem Dessa experiência tão importante. Por isso convidamos essas Grandes figuras para abrilhantarem nossa obra. Foi um acerto fenomenal, pois todos foram muito generosos e compraram a ideia do espetáculo desde o início.

Eunoteatro – Seu personagem, se isola do mundo por sentir culpa, e hoje, todos nos isolamos por culpa de um vírus! Acham que essa situação que estamos vivendo nos ajuda a sentir mais empatia com aqueles que vivem esse isolamento psicológico, e que por muitas vezes, não recebem a devida atenção?

Luccas Papp – Gostaria de dizer que sim, mas sabemos que não é essa a realidade de todas as pessoas. A peça foi escrita antes da pandemia, mas acabou caindo como uma luva nesse momento. O isolamento, seja qual for e pelo motivo que for, pode ser destrutivo em uma medida desproporcional, e é importante que fiquemos atentos aos sinais que as pessoas nos dão, para que possamos ajudá-las nesse processo. A culpa é poderosa, e livrar-se dela é um processo doloroso. Vamos, com esse espetáculo, tentar avançar nessa questão e tocar quem quer que esteja passando por algo parecido. Já ouvimos lindos relatos após o espetáculo de pessoas que mudaram sua perspectiva de vida através dessa história e não há nada que mais nos emocione do que isso.

Eunoteatro – Os temas tratados nos espetáculos recentemente estrelados por você: “A Ponte” e o “O Estranho Atrás da Porta”, tem alguma ligação com o texto de “A Bicicleta de Papel”?

Luccas Papp – Todos os espetáculos que escrevi acabam partindo do mesmo lugar: relações familiares, perdas, decisões difíceis a tomar, e a dificuldade em seguir em frente. Podemos dizer que todas as obras fazem parte de um mesmo cânone, uma assinatura que busco para cada trabalho. Acho que a identidade de um autor é fundamental para construção de uma carreira dramaturgia sólida, portanto, posso dizer que “A bicicleta de papel“ tem todos os ingredientes de um espetáculo meu, carregando elementos da cultura pop, diálogos entrecortados, e um final surpreendente. Vocês não podem perder!

Foto: João Sampaio e Davi Gomes

Eunoteatro – Leonardo, quais são as suas reflexões diante do contexto de “A Bicicleta de Papel” e como está sendo o retorno aos palcos?

Leonardo Miggiorin – Falando um pouquinho sobre o espetáculo “A Bicicleta de Papel”: a construção do meu personagem, partiu da interação entre os atores, direção e a equipe técnica. Das nossas primeiras leituras e do nosso encontro, que foi durante a pandemia.  A gente está com uma equipe muito reduzida e fomos começando os trabalhos através do reencontro desses amigos. Estávamos há 1 ano sem nos encontrar. O Lucas e eu, havíamos feito o “Ovo de Ouro” e depois de 1 ano, a gente se reencontrou, então, foi fácil chegar nessa energia do reencontro. Fomos construindo os valores do espetáculo que o texto já traz e, um dos valores é a amizade. Um outro valor desse espetáculo, é a questão da superação. Superação das nossas dores, da culpa, de continuar a viver, da superação de aceitar e aprender com os erros do passado e aceitar o que a gente não pode mudar e transformar aquilo que ainda está ao nosso alcance. É muito especial estar de volta aos palcos neste momento! O Teatro tem o poder de cura. Isso é o que me faz saudável, em termos de saúde mental, ter voltado a trabalhar com arte.  Eu não parei de trabalhar com arte durante a pandemia, mas voltar presencialmente aos palcos, foi diferente, poder voltar, foi uma sensação de que fechamos um ciclo estamos indo para um outro momento! Sabemos da importância de todos os cuidados nesse momento e que a gente não está a salvo ainda, não estamos ainda totalmente imunizados. Eu já fui vacinado e estamos seguindo todos os protocolos com muito cuidado, muita responsabilidade. A gente está se sentindo muito bem nesse retorno, tendo todo esse cuidado e com uma equipe muito reduzida. Trata-se ainda de algo muito silencioso, estamos retornando devagar e tudo vai acontecendo aos poucos, sem pressa, sem uma pressão e sem cobranças! Cada um indo no seu limite para tentar esse reencontro! Muito obrigado.

Agradecemos ao Luccas Papp e Leonardo Miggiorin por esta entrevista, estamos felizes em tê-los aqui conosco!

Siga os atores nas redes sociais:

Luccas Papp

Leonardo Miggiorin

Agradecimento especial para a assessora de imprensa Adriana Balsanelli

Serviço:

Espetáculo “A Bicicleta de Papel” (presencial e digital)

De 27 de junho a 1º de agosto

Sábados e domingos, à 19 horas

Adquira seu ingresso clicando aqui

Quero ser avisado
Notificar
guest
0 Comentários
Inline Feedbacks
View all comments