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Monique Alfradique protagoniza a comédia sobre a vida de uma mulher contemporânea tentando encontrar seu lugar no mundo.
Dona de seu destino, ela tenta fazer suas próprias escolhas, apesar da pressão constante da sociedade para que ela leve uma vida considerada “normal”. E afinal será que se encaixar nos padrões é assim mesmo tão necessário?
Sufocada, ansiosa, impulsiva, ela muitas vezes se perde no turbilhão de informações que recebemos por todos os lados nos dias de hoje. A peça fala sobre a vida, as dores, os amores e todas as mazelas que assolam os 30 e poucos anos: Venci na vida? Sou suficientemente independente? Sou bem sucedida? Sou amada? Sei amar?
Os efeitos da ansiedade na vida desta mulher aparecem sob o filtro de uma cabeça fervilhante de pensamentos, mãos trêmulas, falta de ar e, sobretudo, humor. E, claro, sempre rindo de si mesma o que confere a tudo isso graça, humanidade e identificação.
Ansiosa e caótica ela atravessa seus dias na busca por encontrar a si mesma e acaba descobrindo que talvez precise de muito menos do que imagina para ser feliz.
😍Vamos a entrevista?
😘Aprecie sem moderação!
Eunoteatro- Monique, no monólogo “Como Viver Uma Vida Quase Normal”, você interpreta uma mulher de mente fervilhante, agitada e que ri de si mesma sem grandes pudores. Existe muito de você nesta personagem?
Monique Alfradique- Sim, existe muito de mim e das mulheres no geral. Parte das histórias foram inspiradas em acontecimentos reais, com adaptações, incluindo momentos que passei. A personagem acaba falando de temas atuais, muitos dos quais nós mulheres vivemos no dia a dia.
Eunoteatro- São mais de 20 anos de carreira, 16 peças no currículo, como têm sido a experiência de fazer um monólogo? Sempre foi uma vontade?
Monique Alfradique- Sim. Comecei a minha carreira no teatro e sempre tive uma grande paixão pelos palcos, anos atrás, tive a oportunidade de assistir a Fernanda Torres em A casa dos budas ditosos e Christiane Torloni em Joana D’Arc e me encantei com o desafio de estar só no palco tendo apenas o público como cúmplice, acho incrível essa troca e hoje poder produzir meu primeiro monólogo é especial, é uma grande conquista tanto pessoal como para minha carreira.
Eunoteatro- Na peça você faz coisas de forma muito divertida, como por exemplo os números de sapateado e no piano. Você é uma mulher super para cima e alto astral. É fácil para você segurar a peça toda nesse ritmo ou você precisou fazer uma preparação especial?
Monique Alfradique- Todo personagem precisa de uma preparação específica e dedicação, mas especialmente nessa peça, tive a oportunidade de trazer algumas das minhas habilidades pessoais que desenvolvi ao longo da vida, como foi o caso do piano e o sapateado, por isso, não tenho tantas dificuldades em segurar a peça por já estar acostumada com esse ritmo, mas ainda assim é um desafio e tanto, mas uma experiência única e especial poder tocar e sapatear enquanto atuo. Mas o espetáculo como um todo me exige uma entrega física e de uma atenção plena pra contar todas aquelas histórias. Então me concentro 2h antes e tenho uma alimentação bem leve nos dias de espetáculo.
Eunoteatro- A dramaturgia é uma livre adaptação do livro “Como Ter Uma Vida Normal Sendo Louca” de Camila Fremder e Jana Rosa, um livro de autoajuda com dicas sobre as mais diversas situações do dia a dia, desde como se livrar de pessoas chatas em aviões, parecer intelectual, mesmo sem ser, até como dizer a um amigo que ele fede (rs). Além disso, ainda ensina como se comportar na festa de encontro da turma da escola depois de muitos anos passados da formatura. A gente encontra algumas dessas situações na peça?
Monique Alfradique- Fizemos algumas adaptações no roteiro, incluindo algumas situações reais que já vivi, e sim a ideia da peça é trazer situações do cotidiano que todos já passamos ou ainda vamos passar durante a vida. E isso acaba trazendo uma identificação e uma troca muito bacana com o público.
Eunoteatro- A peça fala sobre a vida, as dores, os amores e todas as mazelas que assolam os 30 e poucos anos: “Venci na vida?”, “Sou suficientemente independente?”, “Sou bem-sucedida?”, “Sou amada?”, “ Sei amar?” Esses são assuntos muito presentes na vida de todas nós e por muitas vezes até considerados “Tabu”. Quando foi que você percebeu que seria uma boa ideia tratar de tudo isso com humor?
Monique Alfradique– O livro já tinha um humor inteligente que me interessava, após a ótima adaptação do Rafael Primot, ainda acrescentei um pouco do meu tom de humor, por acreditar que o humor tem a capacidade de tornar as coisas mais leves e também fazer refletir.
Eunoteatro- A peça conta com adaptação e direção de Rafael Primot. Como se deu esse encontro entre vocês, de quem surgiu a ideia da montagem deste espetáculo?
Monique Alfradique- Foi uma ideia dos dois, tudo se encaixou perfeitamente para que a peça fosse criada. Como disse, sempre quis fazer parte de um monólogo e quando ganhei o livro Como Ter Uma Vida Normal Sendo Louca, de Camila Fremder e Jana Rosa, logo gostei do humor atual e comecei a ter a ideia de uma possível adaptação. Até que conheci o Rafael devido às gravações de Deus Salve o Rei, ambos queriam participar de um novo projeto e foi quando falei do livro para ele. Ele fez uma incrível adaptação e eu tive a oportunidade de colocar algumas experiências pessoais e um pouco do meu humor.
Eunoteatro- Ao final da peça, na última vez em que tive a oportunidade de assistir, você informou ao público que “Como Ter Uma Vida Quase Normal” é um espetáculo feito na raça, sem o auxílio de leis de incentivo. Continua assim? Como você tem lidado com estas questões e com essa dificuldade que estamos enfrentando na arte?
Monique Alfradique- Continua assim, tenho parceiros incríveis, como a Audi, o Paris 6, entre outros, que nos ajudam a colocar a peça de pé. Também atuo como produtora executiva da peça ao lado da Celia Forte e Selma Morente, e traçamos muitas estratégias para fazer acontecer. A cultura me motiva, me move, e fico feliz de juntas conseguirmos promover o teatro em tempos tão difíceis.
Eunoteatro- Enquanto estudantes somos sempre cheios de ideais e a realidade, muitas vezes, é contrária à utopia. Como você enxerga a atriz que se tornou, diante da estudante que você foi?
Monique Alfradique- Sempre fui uma estudante que gostava de se desafiar e ter novas experiências, ainda continuo assim até hoje, quero sempre me reinventar e ter personagens novos e desafiadores para aprender cada vez mais, mas depois de tantos anos interpretando diversos papéis, posso dizer que me sinto muito realizada com toda a minha trajetória como atriz. E que o frio na barriga na hora de entra em cena continua rs
Eunoteatro- Monique, estamos muito felizes em tê-la aqui no @eunoteatro. Desejamos a você muito mais sucesso e que você retorne muito em breve com mais uma temporada de “Como Ter Uma Vida Quase Normal”. Bem vida e até a próxima!
Siga Monique Alfradique no Instagram: @moniquealfradique
Entrevista por: Cintia Duque @eunotratro