Ensaio Marcia Dailyn – Dia Internacional da Dança

Ensaio Marcia Dailyn – Dia Internacional da Dança

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Dia da Dança foi criado em 1982 pelo Comitê Internacional da Dança (CID) da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO), com o intuito de destacar a diversidade e talento dos dançarinos do mundo todo. O dia 29 de Abril foi escolhido pois trata-se do aniversário de Jean Georges Noverre (1727-1810), que foi o criador do Ballet Moderno.

Com este marco, Noverre, queria conscientizar as pessoas sobre o valor da dança e, permitir que a categoria promovesse este trabalho em larga escala. A esperança era de que, o público, assim como os governantes e críticos das artes, se tornassem cada vez mais conscientes do valor e da importância da dança em todas as suas formas e estilo. As primeiras evidências de movimentos artísticos de dança, foram encontrados há 9.000 mil anos e, até hoje, é um fenômeno que nos encanta. A dança é um ato natural de nosso corpo, basta ouvirmos uma musica, para sairmos bailando.

Para festejar esta data de suma importância, convidamos a querida MARCIA DAYLIN, artista e primeira bailarina trans, para falar um pouco sobre sua trajetória e importância da dança em sua vida. Marcia, ontem dia 28 de abril, foi uma das vencedoras da Categoria Teatro do “Prêmio Arcanjo de Cultura” pelo pioneirismo na representatividade trans e transformista nos palcos, com trajetórias reunidas no espetáculo Divinas Divas, marco no Teatro Municipal de São Paulo em 2020.

Foto: Reprodução Blog do Arcanjo

Participou também de outra peça vencedora da noite:

A Arte de Encarar o Medo pelo pioneirismo no Teatro Digital da Cia. Os Satyros nesta obra de Ivam Cabral e Rodolfo García Vázquez com elencos brasileiro, africano-europeu e estadunidense e temporadas em 4 continentes; corajoso feito para o teatro brasileiro no turbulento 2020.

MARCIA DAILYN

A arte da dança eu herdei de minha mãe, uma grande artista chamada Selma, mamãe era professora em meados dos anos 80.

Comecei a dançar ainda criança na cidade de Jales, um município brasileiro no interior do estado de São Paulo e logo vim para Capital onde o sonho se tornaria realidade. Me formei na “Escola de Bailados” sendo a primeira bailarina transexual a se formar na “Escola de Dança do Teatro Municipal de São Paulo”. Estudei também na “Escola de Teatro de Bolshoi Brasil”, “Método de Ballet Cuballet de Alicia Alonso”, “Royal Academy Of Sance de Londres”, “Balachine e Danças Livres e Folclóricas”.

Fotos Annelize Tozetto – Figurino Walerio Araújo – Espaço Os Satyros

A dança é o velho, o novo, o moderno e o futuro!

Ser bailarina é ter uma disciplina eterna!

O fato de sempre acreditar foi me levando adiante (passei por muitos lugares e tive vários mestres na dança) desta forma, tive momentos únicos em minha vida que foram sempre cheios de encontros e desencontros e a chave é olhar para tudo isso e absorver o que se aprende e dessa forma, liberar o seu corpo e sentimentos.

Todas essas oportunidades me fizeram CRESCER como pessoa e artista!

Quem sou eu?

Muito prazer, eu sou Marcia Daylin! Artista, Bailarina Transexual e tenho muito orgulho de ser quem eu sou!

Com muito carinho, dedico este ensaio que fiz em comemoração ao Dia Mundial da Dança, em memória de: Lúcia Camargo, Ismael Ivo, Marilena Ansaldi e todos os professores e mestres que passaram por minha vida.

In memoriam

Foto: Marcus Leoni/Folhapress

Marilena Ansaldi (1934 – 2021) Natural do Rio de Janeiro, foi a primeira solista do Corpo de Baile do Teatro Municipal nos anos 1950 e 1960 e fez parte do Balé Bolshoi na Europa.

Foi a fundadora do Balé de Câmara do Estado de São Paulo (1966) e do Grupo de Dança Viva (1972 – São Paulo). Lança sua autobiografia, “Marilena Ansaldi – ATOS – Movimento na vida e no palco” pela Editora Maltese, através de Bolsa da Fundação Vitae em 1994. Em 2008, é homenageada pelo projeto Figuras da Dança.

Multifacetada, Marilena atuou como bailarina, coreógrafa, produtora, autora e atriz, sendo precursora da dança-teatro no Brasil.

Foto: Ricardo Dangelo/Reprodução

Ismael Ivo ( 1955 – 2021) Nascido na Vila Prudente[1] e criado na Vila Ema,[2] Zona Leste de São Paul foi dançarino e coreógrafo brasileiro. Em 2017 foi nomeado diretor do Balé da Cidade de São Paulo. Ismael, era um dos grandes coreógrafos da atualidade e importante nome da arte brasileira, teve uma carreira de prestígio tanto no Brasil como no exterior, onde morou por 33 anos.

Viveu uma prestigiada carreira internacional, sendo diretor da Bienal de Veneza e foi o primeiro estrangeiro a comandar o Teatro Nacional Alemão, em Weimar.

Foto: Iara Morselli/Estadão

Lúcia Camargo (1944-2020) Natural de Curitiba, Lúcia formou-se em jornalismo e pedagogia e deu aulas na Universidade Federal do Paraná e na Pontifícia Universidade Católica do Paraná.

No Paraná, ocupou os principais cargos da administração cultural pública, como diretora da Fundação Teatro Guaíra, presidente da Fundação Cultural de Curitiba e Secretária de Cultura do Paraná.

Em São Paulo, no início dos anos 1990, Lúcia Camargo foi diretora da Divisão de Teatro da Secretaria de Estado da Cultura. Mais tarde, entre os anos de 2001 e 2004, foi diretora do Theatro Municipal de São Paulo, em uma gestão que ficou marcada por seu dinamismo e que teve o maestro Ira Levin como regente titular.

Em 2006, mudou-se para Belo Horizonte onde participou da criação da Orquestra Filarmônica de Minas Gerais. No ano seguinte, assumiu a presidência da Fundação Clóvis Salgado.

Desde 2011 – com uma interrupção entre os anos de 2016 e 2018, quando foi secretária adjunta da Cultura do estado de São Paulo –, Lúcia Camargo era gestora na SP Escola de Teatro, onde criou projetos de formação e fez curadoria de residências artísticas.

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