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Baseada em confissões de atores de todo o Brasil, peça online iniciou temporada em 05 de outubro com narrativas de 41 artistas com idades entre 18 e 55 anos.
Quais são os segredos que você guarda a sete chaves? Aparentemente, eles surgem apenas na sala dos analistas, mas na parte final da trilogia de “(In)Confessáveis” os atores estão dispostos a abrir seus mais íntimos relatos.
O formato de peça interativa e ao vivo idealizado por Marcelo Varzea em agosto de 2020 foi um sucesso de público, crítica e também entre atores que buscavam continuar em cena mesmo em meio ao caos da pandemia do Coronavírus. Na sequência, vieram “(In)Confessáveis 2″, com 31 novos artistas, e agora “(IN) CONFESSÁVEIS 3”.
Depois de duas temporadas bem-sucedidas, com mais de 3.500 espectadores, o projeto volta a investigar a observação do público através da gamificação. Nele, é o público que decide no que acreditar, escolhendo se as histórias contadas pelos atores são verdadeiras ou falsas, já que os espectadores são informados logo no início que irão assistir a um material com três possibilidades:
1) Eu estou contando a minha história;
2) Eu estou contando uma história real, mas não é minha. É de algum colega de elenco;
3) Eu estou contando uma história ficcional, mas introduzi dados pessoais para brincar com a sua percepção.
Ao final de cada rodada, um dos mini solos é eleito “o mais verdadeiro” de cada sala. O público, então, migra para um único ambiente virtual no qual são apresentadas as três histórias eleitas como as mais verdadeiras e decide o vencedor da sessão. Na sequência, direção e elenco conversam com os interessados.
A seguir, Marcelo contará um pouco sobre o processo criativo de (In)confessáveis.
👇Vamos a entrevista?
😉Aprecie sem moderação!
Eunoteatro- Marcelo, quando se trata da trilogia “Inconfessáveis”, podemos dizer que se trata de um formato inovador, diferente de tudo que já foi visto no teatro digital. Para elucidar nosso público, conte-nos um pouco, como foi o processo de criação desse formato de espetáculo e quais foram suas inspirações ou referências?
Marcelo Varzea- Já treino atores há muitos anos. Depois que fiz meu solo Silencio.doc – posteriormente editado pela Cobogó – e Dolores, com a Lara Córdulla resolvi usar os procedimentos de autificção nos treinamentos. Durante a pandemia isso ocorreu via Zoom, podendo me colocar em contato com artistas de vários estados e devido à tecnologia tive a oportunidade de acoplar a gamificação a esse experimento. O binômio verdade/mentira é alvo frequente das questões ligadas a atuação e dramaturgia, como no excelente Jogo de Cena do Eduardo Coutinho, um dos meus pontos de partida.
Eunoteatro- Como é feito o processo de escolha dos textos que serão encenados pelos atores nas salas do espetáculo?
Marcelo Varzea- Uma série de exercícios de “pessoalização do discurso”, alguns jogos interativos entre os participantes, exercícios de dramaturgia fomentam essa procura que dura em media 100 dias.
Eunoteatro- Quais os desafios enfrentados para coordenar ao vivo 41 atores divididos em 3 salas simultaneamente?
Marcelo Varzea- Afetar é o verbo mais importante para dentro da cena, para o contato com espectador e também para a troca entre os corpos criativos. A tela ao mesmo tempo que nos afasta nos protege. Há ganhos e perdas.
Eunoteatro- A peça conta com atores de diversas regiões do Brasil, e nessa terceira temporada, com a atriz, Alessia Krisanovsk, diretamente da Itália. Como se deu o processo seletivo para a formação do elenco?
Marcelo Varzea- No chamamento para o treinamento eles e elas enviam seus currículos e uma carta de intenção.
Eunoteatro- Acho que esse espetáculo ficaria muito interessante adaptado para o formato presencial, você pensa em fazer esta migração, agora que os teatros estão voltando? Seria viável?
Marcelo Varzea- Ainda estou pensando a respeito. Faremos uma breve tentativa durante a próxima edição de As Satyrianas, em dezembro.
Eunoteatro- “(IN)CONFESSÁVEIS 3 – A SAGA FINAL” , como o próprio nome diz, é o terceiro e último espetáculo nesse formato. Poderia contar quais são os seus projetos para o futuro?
Marcelo Varzea- Dirijo o Coletivo Impermanente e há um ano estamos estudando a relação da politica com o teatro e a inserção de narrativas épicas musicais. Dessa construção nascerá GANANCIA – Um Casino de Crueldades. Dia 7/10 entraremos em sala de ensaio para construção dessa dramaturgia. Em paralelo estou em processo para levantar AMARELO, um solo de autoficção desenvolvido especialmente para o ator Ranieri Gonzalez, onde falamos do apagamento dos homens 50+ pertencentes à comunidade LGBTQIA+.
Eunoteatro- Marcelo, estamos muito felizes em tê-lo aqui conosco. Seja muito bem-vindo ao @eunoteatro! Agradecemos a gentileza de nos conceder esta entrevista!
Siga Marcelo Varzea no Instagram: @marcelovarzea
Entrevista por: Cíntia Duque- @eunoteatro