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A partir de dramaturgia criada especialmente para o Instagram, cinco artistas refletem sobre vulnerabilidade, masculinidade tóxica e amor em tempos de pandemia
“Phantasmagoria – O Amor nos Tempos de Esgotamento” é o nome da live cênica apresentada via Instagram na qual cinco personagens confinados durante uma pandemia enfrentam suas vulnerabilidades. Um casal que termina a relação por chamada de vídeo; irmãos que, em um momento de empatia, conversam sobre suas carências e dificuldades de cuidar da mãe idosa; uma cam girl que tenta entreter um cliente entediado e uma psicanalista que atende pacientes por vídeo chamada em tempos de isolamento social.
A “web novela”, cujo capítulo final será exibido no próximo sábado, dia 4 de julho, às 21h, nasceu em abril a partir das conversas dos artistas Eme Barbassa e Davi Tostes, que passam a quarentena em Ribeirão Preto (SP) durante a recente pandemia. Em reuniões via chamada de vídeo, os dois resolveram transformar suas reflexões em um projeto cênico no Instagram e convidaram mais três atrizes, Déo Patrício, Vanessa Mello e Katia Calsavara.
Além de atuar, Eme também assina a direção e a dramaturgia, que tem como referências obras como “A Coragem de Ser Imperfeito”, de Brené Brown, “Um Guia Pussy Riot para o Ativismo”, de Nadya Tolokonnikova, “Não sou uma Dessas”, de Lena Dunham, “Má Feminista” e “Fome”, de Roxane Gay, além de diversos livros do filósofo sul-coreano Byung-Chul Han, um dos maiores críticos do uso da internet na sociedade contemporânea.
“Desde sempre somos ensinados que ser vulnerável é algo ruim. Mas a Brené Brown desconstrói esse conceito quando nos mostra que já somos suficientes o bastante”, afirma Eme. Ela, que passou por um processo recente de transição de gênero, também cita a linguagem estética do Instagram como uma experiência de total vulnerabilidade. “É quase um teatro de rua digital. Somos artistas e estamos expostos com aquilo que temos em mãos. Quem estiver passando por ali, nos enxerga completamente, sem máscaras e com os recursos que temos”, completa.
Trans, gorda, feminista e com uma carreira já consolidada no teatro, Eme Barbassa afirma que dificilmente seria escalada para viver a protagonista de uma história de amor no audiovisual e, por isso mesmo, sua figura acrescenta camadas de interpretação à história. “Qual o lugar da mulher gorda na representação midiática e audiovisual? O livro ‘Fome’ discute essa questão e é umas das molas propulsoras do trabalho”, afirma.
O ator, cantor e bailarino Davi Tostes lembra que a referência de Byung-Chul Han também é essencial para a obra e dialoga com a sociedade do desempenho que vivemos hoje. “Somos senhores e escravos ao mesmo tempo, o que nos leva muitas vezes a auto-exploração e a depressão”, afirma. “Tudo isso fica ainda maior em tempos de quarentena”, completa.
A ideia do nome “Phantasmagoria” tem origem no termo usado para designar teatro de terror, que utilizava lanternas para projetar imagens assustadoras de esqueletos, demônios e fantasmas no final do século XVIII.
Ficha Técnica:
Quando: dia 4/7, às 21h, no Instagram dos atores (abaixo)
Dramaturgia e Direção: Eme Barbassa
Elenco: Davi Tostes (@davi_tostes), Eme Barbassa (@emebarbassa), Déo Patrício (@deopatricio), Vanessa Mello (@vanessamelloart) e Katia Calsavara (@katiacalsavara)
Fotografia: André Stéfano/Divulgação
Projeto Visual: Júnior Gomes
Sinopse: Durante uma pandemia, isolados socialmente, as personagens buscam alguma forma de afeto e atenção a partir da tela de seus celulares.
Mais informações para a imprensa:
Katia Calsavara
11 99612-4658 (imprensakatia@gmail.com)
Davi Tostes
11 95478-6181 (davitostes@yahoo.com.br)