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A Cia de Teatro As Moças, formada pelas atrizes e produtoras Angela Figueiredo e Fernanda Cunha, apresenta o projeto MULHERES CONFINADAS E À MARGEM DA SOCIEDADE contemplado pela Lei Aldir Blanc dando continuidade ao trabalho de pesquisa de linguagem teatral da Cia.
O projeto é formado pela montagem do novo espetáculo intitulado RELAÇÕES INDÓCEIS, três textos curtos interpretado por Angela Figueiredo e Fernanda Cunha, com direção de Henrique Stroeter, composto por três histórias curtas em formato vídeo-teatro, trazendo três textos de autoras brasileiras da nova geração que foram convidadas a escrever especialmente para esse projeto. Michele Ferreira com NÃO PARE, NÃO CORRA, NÃO GRITE, NÃO MORRA, Vana Medeiros com MÃE SÓ TEM UMA e Angela Ribeiro com BAINHA.
As dramaturgas se aprofundam nas relações entre as personagens e no tema da maternidade de forma inusitada. Na essência, falam sobre os sentimentos que permeiam as relações humanas. Expressam as relações com intensidade, esperança, desesperança, conflitos e laços de afeto de mulheres que vivenciam momentos decisivos em suas vidas. Estas histórias têm em comum a contemporaneidade e o dialogo ágil. Poderiam acontecer na vizinhança em São Paulo ou em qualquer lugar do mundo.
Sobre o processo de criação de Relações Indóceis
Com direção de Henrique Stroeter, a criação e a montagem do espetáculo foram realizadas entre maio e novembro de 2021 durante a pandemia e gravado em São Francisco Xavier, São Paulo. Iniciou-se a partir de experiências da linguagem teatral em locações, experiências com o vídeo, fotografia, edição, arte, sonorização e trilha sonora desvendando as novas opções e possibilidades do fazer teatral no período pandêmico e pós pandêmico.
Angela e Fernanda convidaram Stroeter para a direção pela afinidade artística, intimidade, visão e conhecimento que ele tem do trabalho da Cia de Teatro As Moças. A etapa dos ensaios foi realizada, via zoom e nas locações escolhidas por Henrique, dividida em três etapas, respeitando a dinâmica de cada texto e proposta da linguagem da encenação e de sua transposição para o vídeo. A equipe de criação artística é formada por Julio Dojcsar na direção de arte que incluiu cenário, objetos de cena, iluminação. Os figurinos e o visagismo foram criados em parceria com a Cia. de Teatro As Moças. A trilha sonora e a mixagem de som são de Branco Mello estreando a parceria em trilhas sonoras com seu filho Bento Mello, Nanda Cipola na edição, montagem e na fotografia das peças Mãe Só Tem Uma e Não Corra, Não Pare, Não Grite, Não Morra e Cassandra Mello na fotografia da peça Bainha.
👇Vamos a entrevista?
😉Aprecie sem moderação!
Eunoteatro- Quais mulheres o projeto “Mulheres Confinadas e à Margem da Sociedade” pretende dar voz? Além do recorte de gênero, existe um recorte de classe?
Angela Figueiredo- O projeto Mulheres Confinadas e à Margem da Sociedade dá voz e representa por meio de sua personagens e textos escolhidos para trabalhar à todas mulheres. Dentro da pesquisa por personagens fomos naturalmente mergulhando no confinamento, na necessidade de ter voz e muitas vezes mulheres que estão à margem da sociedade.
Eunoteatro- A cia já pensou em ampliar esse projeto, mantendo o formato e trazendo outras discussões sobre mulheres?
Angela Figueiredo– Sempre pensamos em ampliar essa discussão, quando montamos o espetáculo Noites Sem Fim, da autora inglesa Chloe Moss fizemos uma apresentação num presidio feminino de SP. A autora escreveu o texto após uma grande convivência em um presidio feminino da Inglaterra. Buscamos desde o início a possibilidade dessa apresentação. Nosso impacto durante a apresentação com a identificação daquelas 200 mulheres que nos assistira e o bate papo com elas depois da sessão nos alertou a importância deste tema. Naturalmente fomos identificando esse tema como nosso guia de diálogo com o público em geral e produção teatral.
Eunoteatro- Quais os desafios encontrados nesses 11 anos da Cia de Teatro As Moças?
Angela Figueiredo- Nossos desafios são de encontrar bons textos, a forma de viabilizar nossas peças/produções e manter o processo do trabalho e exercício continuo do fazer teatral.
Eunoteatro- A cia já havia trabalhado com vídeo-teatro? Como é lidar com esse formato?
Angela Figueiredo- O primeiro espetáculo da Cia foi o texto As Moças o Último beijo, onde trabalhamos com produção e projeção de vídeo pela primeira vez. Nessa época conhecemos a videomaker Nanda Cipola que continua trabalhando com a Cia desde então. Ela e a Angela também vem trabalhando em outras produções mesmo fora da Cia unindo a linguagem do teatro e vídeo.
Nessa época de pandemia e as apresentações on line mergulhamos na pesquisa do fazer teatral em vídeo. Para a nós atrizes o trabalho foi como a preparação para apresentação em teatro somando a visão do diretor do espetáculo Henrique Stroeter que criou a concepção para o audiovisual.
Lidar com esse formato é instigante e desafiador e também sentimos falta da plateia, dos aplausos e dos abraços. Outra curiosidade é que sentamos na plateia virtual junto com nosso público para assistir a estreia e apresentações.
Siga Angela Figueiredo no Instagram: @angelafigueiredo
Eunoteatro- Como surgiu a ideia de pedir a mulheres que gravassem seus relatos no período de isolamento social e qual o intuito de divulgar estes relatos nas redes?
Fernanda Cunha- A ideia surgiu a partir da observação do que estava acontecendo com pessoas próximas e até com a gente mesmo. Desde as que passaram por maior dificuldade, até as que estavam em condições mais privilegiadas. O sofrimento do confinamento atingiu a todas em maior ou menor grau. A impressão era que muitas pessoas nem se sentiam no direito de falar sobre suas dores ou angústias porque a tragédia coletiva era tão enorme que não havia espaço para falar sobre as dores individuais. O pânico, a solidão, o cansaço e o trabalho infindável. A rotina. A desesperança. Mas também a força que foi e é necessária encontrar pra conseguir seguir em frente.
O intuito de divulgar esses relatos era pra que outras mulheres não se sentissem tão sozinhas. Compartilhar, ter empatia, poder superar juntas esse momento tão solitário, mas que todas estamos vivendo e, portanto, é coletivo.
Eunoteatro– Como foi o processo de seleção dos vídeos? O que fez escolher um e não outro?
Fernanda Cunha- O processo dos vídeos foi através de histórias que estavam mais próximas. Pessoas que tínhamos mais acesso de alguma forma. E a partir disso a ideia era que outras mulheres se sentissem à vontade pra contar a própria história.
Eunoteatro- A pandemia impôs uma rotina ainda mais atribulada para as mulheres. Se antes falávamos em dupla jornada de trabalho, hoje podemos falar em trabalho contínuo. O conteúdo dos relatos evidencia isso?
Fernanda Cunha- Sim. Não todos. Talvez um ou dois. Cada relato tem sua especificidade. O que eu percebo é que às vezes é difícil pras mulheres falarem sobre suas dores e se colocarem num lugar de fragilidade. A sociedade ainda exige que sejamos Super Heroínas e por mais que se conteste isso de milhões de maneiras, às vezes é mais difícil do que se imagina não vestir essa carapuça.
Eunoteatro- O espetáculo Relações Indóceis foi criado durante a pandemia, os ensaios aconteceram de forma virtual? O que mudou quanto ao processo?
Fernanda Cunha- Tivemos leituras e encontros virtuais antes do encontro presencial para as gravações.
Foram 3 textos feitos em 3 etapas diferentes.
Foi necessário todo um pensamento e produção anterior pra que o trabalho pudesse render no pouco tempo presencial que tínhamos pra gravar cada texto. Tudo precisou ser muito bem estudado e pensado previamente pra que tudo desse certo nas gravações e saísse como planejado.
Eunoteatro- Angela e Fernanda, nós do @eunoteatro estamos muito felizes em tê-las aqui conosco. Seja muito bem vindas e até a próxima!
Siga Fernanda Cunha no Instagram: @fernandacunhamello
Entrevista por: Thamires Dias: @thamiris.dias
Assessoria de Imprensa: Morente Forte @morenteforte
Assista “Relações Indóceis” no Youtube até 14/12
https://www.youtube.com/watch?v=nPOvEYyY4_g
Programação:
On-line: A temporada ocorrerá diariamente até o dia 14 de dezembro. São 12 apresentações, sempre as 20h até o dia 14 de dezembro, no canal do YOUTUBE @angelafigueiredo que recebe o projeto da Cia de Teatro As Moças, MULHERES CONFINADAS E À MARGEM DA SOCIEDADE.
On-line: leitura dramática do texto As Moças o Último Beijo de Isabel Camara. Serão duas sessões, gratuitas e com tradução de libras, dias 16 e 17 de dezembro, às 17h, no canal do YOUTUBE @angelafigueiredo
LIVE com as atrizes, com intermediação de Dirceu Alves Jr @dirceualvesjr no dia 17 de dezembro, às 18h, através das redes sociais das atrizes @fernandacunhamello e @angelafigueiredo .